O APOSENTADO QUE ESCREVE
Claro que sou eu mesmo. Já dizia o outro:
- Você é o aposentado que escreve?
E me lembrei de vários artistas que só começaram a fazer e a mostrar depois de aposentados. Havia até um que era pensionista. Estavam todos cobertos pela lei do país que dizia deles:
"Aposentados e pensionistas."
De modo que nem tinham a intenção de subverter nada. Eram pessoas contentes consigo mesmas e que faziam o seu trabalho no máximo sossego. Assim tinham todo cuidado e atenção para perseguir suas ideias, os frutos de sua imaginação. E até parar um pouco tanto para descansar quanto para repensar tudo antes de terminar.
Claro, o fazer artístico exige muito mais cuidado do que seguir uma rotina.
E no fim poderem ouvir:
- Esse sujeito é admirável.
Admirar é um fazer filosófico. Tanto isso pode ser adquirido pela experiência. Quanto o conceito admirar pode ser aprendido numa escola de Filosofia.
E assim eu existo, porque escrevo. E sou aposentado. Tenho dito.
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