UM CURTO DIÁLOGO

Eu resolvi passar uns dias na minha terra natal. Peguei o ônibus na rodoviária e fui. No caminho, um cidadão me reconheceu:

- Você não é o fulano X?

- Sou.

- E não escreve para o jornal Y?

- Escrevo.

- E o que você me diz desses escritores novos? 

- Os que surgem a cada dia?

- Exatamente.

- Olha, depende muito.

- ...

- É, porque temos no mundo dos livros, todo tipo de novidade.

- Digo das novidades literárias.

- Ah, sim. Temos muitos escritores novos saborosos.

- E estes que só sabem levantar os casos políticos?

- Eu não curto muito, leio por ossos do ofício. E depende dos casos que levantam.

- Como assim?

- Veja os defensores das causas feministas.

- Interessantes costumam ser.

- Mas não só isso. É que incomodam muita gente.

- Eu também percebo isso.

- E na minha opinião, literariamente se quisessem ser apenas literatos, poderiam ser bons.

- ...

- Mas, o caso é que muitas vezes querem dar palpites na causa feminista, e muitos deles até querem se tornar importantes escrevendo o que escrevem. E aí se perdem.

- Eu já pensei nisto.

Foi minha vez de ouvir calado. E o cidadão me disse:

- São muitas vezes vozes que não pensam como a maioria das gentes. E por isso eu os considero escritores sem imaginação para contar uma simples estória.

- Pode ser por aí que eles se perdem. E perdem o tempo deles.

E o ônibus chegou na minha terra natal. Claro que o assunto 'escritores novos' não se esgotou. Tangenciamos-lhe o problema que o fere. E também há muitos escritores novos muito bons. E são aqueles que na maior parte do tempo têm tempo para ler e escrever.

Porque para se escrever é importante a leitura.

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