DO FEIO AO BELO
Estive aqui no meu quarto-estúdio e pensava na vida. A minha vida. E tenho um olhar satisfatório a respeito dela. E me lembrei de pessoas que não tem nada a ver comigo. Uma destas pessoas passou por mim na rua e me disse:
- A vida, hein, uma desgraça!
Eu nem olhei para ele, fui em diante na minha caminhada. De desgraça eu olho para mim, e não vejo bem o que ele viu. Devia ele ser um destes caras metidos a perfeito que se colocam no meio do nosso caminho. E eu sou profundamente religioso. E é religiosamente que digo: o ser humano não é perfeito, nunca foi.
Dirá você que me lê que eu fiquei magoado com aquele dito. Para dizer a verdade, não. Nem ofendido. Então você me pergunta porque transcrevo a cena. Simples, eu tenho memória. E o que aconteceu ali mostra que alguns dos nossos semelhantes só se sentem bem ofendendo os outros. Eu disse ofendendo, para me exprimir bem. Mas digo aqui agora, ele não me ofendeu. E que Deus o perdoe.
Agora, dado o exemplo, vamos dizer que estou em condições de dizer o que vou dizer. Se não temos o que dizer ao nosso próximo, podemos guardar dele o silêncio. E se ele nos devotou o silêncio, devemos dar a ele nosso silêncio. E assim as coisas terminam melhores.
Mas. já vi por este mundo pequeno que eu conheço, que o mundo é maior do que o que conheço, coisas horríveis. E escrevo com uma intenção em mente, buscar o belo. Normalmente quem busca o belo, tem uma bruta busca estética. Mas os casos que os escritores contam podem ser belos também. Então que me desculpem eu ter vindo do feio ao belo.
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