A MINHA ESCRITA
A minha escrita corre como água cristalina sobre seu leito. E eu trabalhava. Chegava a hora e eu falava com a secretária do meu chefe. E saía para ir ao médico, que ninguém é de ferro. As pessoas tem também que tratar de sua saúde. E quando eu voltava do médico, encontrava à vezes com o chefe e ele me perguntava:
- Tudo bem? O que o médico falou?
E eu respondia que tinha sido uma consulta de rotina. Que eu precisava só saber do meu estado de saúde. E que o médico ao me informar que estava tudo bem, ainda por cima se admirava de eu estar tão bem. O chefe me sorria. E eu ficava sabendo que no trabalho também as coisas corriam bem. E eu sonhava com este momento, aqui agora, de eu estar escrevendo.
Agora, vou lhes dizer, se eu não tivesse trabalhado tanto e cuidado de mim, eu não seria este pequeno escriba que sou hoje.
E se alguém pensa que estou reclamando da vida, engano. Estou é festejando, neste primeiro de maio, a minha escrita. Pois que a considero também trabalho.
Estive há pouco tempo comentando com alguém sobre isso. E eu estava enganado no meu comentário. Porque eu disse àquele alguém:
- Poucas são as pessoas que consideram o escrever uma forma de trabalho.
O alguém me corrigiu:
- Se engana, e se alguém não dá ao escrever o signo de trabalho, mande-o às faculdades.
E eu:
- Porque?
- Nas nossas faculdades os alunos saem preocupados com os trabalhos que tem que fazer.
- Para que? - eu brinquei.
- Ora, você sabe, para ganhar uma boa nota.
Eu ri, ou melhor, eu gargalhei. E o alguém me disse, sério:
- Você quer ser levado a sério?
- Quero.
- Vá escrever, só assim você fica sério.
E sério me coloquei diante do computador, e me pus a escrever.
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